Projeto do IFRR no Amajari resulta em composições musicais com fins didáticos

por Bruna Dionísio Castelo Branco publicado 05/12/2019 20h16, última modificação 05/12/2019 20h16
Entre as sete composições estão abordagens de temas da matemática e da biologia, e de problemas da modernidade, como mutilação e suicídio

Abordar temas complexos e de difícil aprendizagem, e ainda manter a atenção dos alunos nas salas de aulas, esse tem sido um desafio rotineiro para professores. E, como alternativa para suprir essa lacuna, no Campus Amajari do Instituto Federal de Roraima, foi desenvolvido o projeto “Composições musicais para fins didáticos”, envolvendo alunos da unidade de ensino, em especial oriundos de comunidades indígenas, e da Escola Estadual Ovídio Dias.

O projeto fez parte do Programa Institucional Bolsa Acadêmica de Extensão (Pbaex) do IFRR, com a participação da aluna bolsista Geiziane Ferreira, e teve como resultado a composição de sete músicas, sendo três paródias e quatro autorais. As composições abordam assuntos do currículo escolar do estudante, como matemática e biologia, e temas importantes que requerem a atenção da escola e da família, como suicídio, relacionamento afetivo entre jovens e automutilação.

De acordo com o professor e coordenador do projeto, Diego Cruz, inicialmente foram levantados assuntos que os professores consideravam importantes de serem trabalhados e, depois, temas relevantes e/ou difíceis de serem compreendidos pelos alunos. A intenção foi elaborar composições musicais sobre assuntos abordados no currículo escolar para facilitar o aprendizado dos estudantes e servir como ferramenta didática para os professores.

Músicas desenvolvidas de abril a novembro foram foram inspiradas por situações do cotidiano dos jovens

Entre os temas resultantes de um produto final estão o da matemática, com a música “Adivinha por quê”, versando sobre a regra de três simples, e o da biologia, com o “Xote do Reino Plantae”. Há ainda a abordagem de temas existenciais como “Não pare de estudar”, sobre o abandono dos estudos, “Frio cobertor”, sobre suicídio e automutilação, e “Jaz”, sobre saudade.

Conforme Cruz, outra composição é a música “Anedota do IFRR”, espécie de relato do dia a dia de um estudante residente no Campus Amajari. E, para fechar as sete composições, tem a música “Bom”, composta integralmente por dois alunos do CAM, que fala sobre relacionamentos afetivos entre os jovens. As letras estão disponíveis aqui.

O professor lembra que o desenvolvimento das atividades ocorreu durante seis meses, de abril a novembro deste ano, com atividades semanais no campus. O resultado final foi apresentado durante o 8º Fórum de Integração: Ensino, Pesquisa, Extensão e Inovação Tecnológica (Forint), realizado no fim de novembro, no Campus Boa Vista Zona Oeste.

Desenvolver essa ação, para o professor, foi uma forma de contribuir para o processo do ensino-aprendizagem, visto existir uma forte discussão no ambiente escolar, especialmente no ensino médio, sobre a falta de interesse dos alunos nos componentes curriculares abordados na escola. “Existem várias hipóteses sobre esse desinteresse, sendo uma delas a linguagem abordada pelo professor ou pelo livro didático, que por vezes é muito formal e descontextualizada com a realidade do estudante. Esse é um dos motivos pelos quais cursos preparatórios de pré-vestibular utilizam a música como recurso didático. Daí, pensamos: ‘Por que não utilizar aqui [CAM] também?’ E deu muito certo”, avaliou o docente.

O resultado final foi apresentado durante o 8º Fórum de Integração, o Forint

Segundo Cruz, o processo de aprendizagem envolve ler, ouvir, falar e praticar, e o de criação musical, obrigatoriamente, todos eles. “Para compor uma música sobre um tema de biologia, por exemplo, o aluno precisará primeiramente ler para entender o que ele está falando. Depois, ele assimila e transforma esse seu conhecimento em versos que podem ser poéticos e facilmente compreendidos por outras pessoas. Esse processo por si só já constitui uma excelente ferramenta de aprendizado para o aluno-compositor”, explicou.

 

Rebeca Lopes
Ascom/IFRR
Fotos: Divulgação
4/12/19

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