Pesquisa de grupo do CBVZO aponta desigualdades reforçadas na pandemia, e gestão do IFRR comprova medidas adotadas para o combate

por Sheneville Cunha de Araújo publicado 05/08/2022 19h35, última modificação 13/08/2022 13h45
O acesso à tecnologia foi a principal dificuldade que evidenciou as desigualdades entre estudantes do campus, mas a gestão do IFRR apontou como vem atuando para superá-las
Pesquisa de grupo do CBVZO aponta desigualdades reforçadas na pandemia, e gestão do IFRR comprova  medidas adotadas para o combate

A pesquisa foi publicada no livro Educação: dilemas contemporâneos – volume 12, podendo ser conferida por meio eletrônico

Pesquisa realizada por um grupo de  servidoras e uma aluna do CBVZO que teve os resultados publicados no livro Educação: dilemas contemporâneos –  volume 12, traz, de forma detalhada, algumas das dificuldades enfrentadas pelas pessoas das camadas de maior vulnerabilidade social da população, reforçando as desigualdades impostas pela pandemia, inclusive no setor educacional.

O estudo, realizado por meio de um projeto aprovado no Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica e Tecnológica (Pibict) do IFRR, de autoria da técnica em serviços públicos formada pelo CBVZO Ana Rízia da Silva Mucajá, da técnica em assuntos educacionais e servidora do campus Aldaíres Aires da Silva Lima, e da pedagoga e também servidora da mesma unidade de ensino Francimeire Sales de Souza, teve como título, no capítulo do livro em que foi publicado, “Ensino não presencial em tempos de Covid-19: sob a ótica dos estudantes do IFRR/Campus Boa Vista Zona Oeste”, podendo ser conferido a partir da página 25.

Segundo as autoras, a investigação adotou como instrumento de coleta de dados um questionário autoaplicável destinado ao público-alvo: estudantes do 3.º ano dos cursos técnicos integrados ao ensino médio (formandos de 2021), sendo a amostragem correspondente a 24% do total desses alunos, ou seja, de 33.

Depois de contextualizar a necessidade de distanciamento social causada pela pandemia de covid-19, que prejudicou, entre outras ações, o acesso ao ensino, a pesquisa apresentou os dados levantados, demonstrando, em números estatísticos, sobretudo, a dificuldade de acesso à tecnologia, meio encontrado como possível facilitador da continuação das atividades em todo o mundo, inclusive na área educacional.

Na amostragem do CBVZO, uma parcela significativa dos estudantes (69,7%), para cumprir com as atividades classificadas como atividades pedagógicas não presenciais (APNPs),  tiveram de fazer uso de celular, pois não tinham computador próprio ou acesso facilitado a um equipamento do tipo. Além disso, mais de 18% tiveram de buscar recursos, por iniciativa própria, para adquirir um equipamento do tipo para acompanhar as atividades, e 12% tiveram de  fazer gastos com a aquisição de planos de internet.

Diante dessa situação, os maiores desafios, ou limitações, apontados pelas pessoas pesquisadas foram manter o foco nos estudos,  entender a explicação do professor ou professora e manter a qualidade do aprendizado.

Ao fim da exposição, as pesquisadoras, apesar de admitirem, com base nos dados coletados, que os principais desafios dos estudantes no desenvolvimento das atividades não presenciais estavam relacionados principalmente ao acesso a aparatos tecnológicos, destacaram que esperam do instituto, diante da situação apresentada, apenas a adoção de medidas na área de formação.

“Esperamos, em face desses resultados, que o IFRR introduza, através da equipe gestora, um plano de formação continuada dos servidores e estudantes, em especial na área das Tecnologias Digitais da Informação e Comunicação [TDICs]. Além disso, esperamos que esses resultados estimulem outros estudos mais profundos acerca dos impactos do ensino não presencial em decorrência da covid-19, em âmbito estadual e nacional, principalmente na Rede Federal”, dizem as autoras nas considerações.

O diretor-geral do CBVZO, professor Isaac Sutil, destaca a importância de pesquisas que retratam os desafios presentes no processo de ensino e aprendizagem por meios remotos, seja por conta da pandemia, seja por causa do desenvolvimento de cursos variados em Educação a Distância (EAD), pois, segundo ele, fornecem nortes para as políticas voltadas para o ensino não presencial e  podem auxiliar no direcionamento mais eficiente dos recursos destinados à assistência estudantil, política já desenvolvida pela Rede Federal, contribuindo efetivamente para a permanência e êxito dos estudantes.

“No caso, os resultados apresentados retratam, em particular, a realidade dos estudantes do CBVZO, o que também contribuiu para que fossem desenvolvidas diferentes estratégias de ensino adequadas à realidade da comunidade acadêmica em questão. Portanto, parabenizamos os servidores e estudantes envolvidos na pesquisa, e incentivamos, institucionalmente, que sejam uma constante as iniciativas de projetos de pesquisa e extensão que visem apresentar respostas e soluções a desafios reais que existem na prática diária das ações do IFRR/CBVZO", pontuou o diretor.

Comitê de Crise monitora situação e gestão adota 
medidas para o enfrentamento das dificuldades

Ao tomar conhecimento da pesquisa, a reitora do IFRR e presidente do Comitê de Crise para Enfrentamento do Coronavírus no âmbito da instituição, professora Nilra Jane, afirmou acreditar que iniciativas como essa servirão como contribuições significativas tanto para a atuação do próprio comitê como da gestão do instituto, e destacou a satisfação de verificar que muitas das necessidades apontadas já têm medidas em andamento para a resolução ou atenuação do problema.

“No instituto, temos total compromisso com a educação, acima de tudo, e pesquisas que são desenvolvidas, mesmo para apontar dificuldades, nossas [internas] ou de outras origens, serão sempre estimuladas, pois todos os olhos sobre as ações do IFRR são bem-vindos. Quanto mais gente se preocupar e enxergar os problemas e os desafios, além de apontar soluções, melhor”, declarou a reitora, destacando ainda que concorda totalmente com o estudo realizado, pois vem trabalhando para conhecer pessoalmente a realidade de cada campus e, assim, poder fazer o trabalho necessário.

Para ela, a pesquisa mostrou o retrato das desigualdades não apenas no CBVZO, mas também nas outras unidades, guardadas as devidas proporções. E a iniciativa serve como mais um reforço e estímulo para que os gestores do instituto não descansem, apesar de todos os cortes que as instituições de ensino vêm sofrendo, na busca não apenas de recursos e parcerias, mas também de outras alternativas e ideias inovadoras para garantir o acesso ao ensino para todos.

“Temos total noção dessa realidade de desigualdade enfrentada não apenas pelos estudantes do CBVZO, mas também pelos dos outros campi da instituição. Por isso, o comitê de crise não tem medido esforços para trabalhar nesse contexto pandêmico e, entre as diversas ações, podemos citar a formação na área das TDICs ofertada aos professores e estudantes no início da pandemia, a entrega de computadores às unidades de ensino para assistência aos  estudantes ou composição de laboratórios de informática, a entrega de chips de internet, visando garantir cada vez mais todo o aporte necessário para o devido funcionamento do instituto”, relatou a reitora.

Em relação à área pedagógica, a gestora fez questão de esclarecer que, por meio de regulamentações do próprio comitê gestor, ficou determinada a organização de atividades de reforço escolar, pois já havia a previsão dessa situação de desigualdades no acesso a equipamentos e internet.

“Se pudéssemos, municiaríamos todos os nossos estudantes com os equipamentos mais atuais para a garantia do melhor ensino. No entanto, essa é uma ação que não depende apenas da nossa vontade, mas de recursos destinados pelo governo federal, os quais, na verdade, para esse setor, vêm sendo cada vez mais escassos. Mas o que pudermos fazer por iniciativa própria estamos fazendo, e essas atividades de reforço fazem parte da forma que encontramos de combater essas desigualdades. O que estiver ao nosso alcance posso garantir que sempre faremos. Temos uma equipe dedicada, capaz, que acredita na educação, apesar de todas as dificuldades”, declarou Nilra Jane.

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