IFRR apresenta duas novas tecnologias que resultaram em depósito de patentes

por Antonio Evaldo Soares publicado 04/06/2018 21h20, última modificação 07/06/2018 14h25
Trata-se do coletor de efluentes (resíduos) em profundidade, com a cotitularidade da Universidade Federal de Roraima; e o aditivo natural antioxidante a partir do extrato do fruto de tucumã para uso em biodiesel

Durante a abertura da programação de aniversário do Instituto Federal de Roraima (IFRR), ocorrida nesta segunda-feira, dia 4, teve a apresentação de duas novas tecnologias que resultaram no depósito de patentes: o coletor de efluentes (resíduos) em profundidade, com a cotitularidade da Universidade Federal de Roraima; e o aditivo natural antioxidante a partir do extrato do fruto de tucumã para uso em biodiesel.

A primeira tecnologia foi criada pelos inventores Márcia Brazão e Silva Brandão, servidora do IFRR e doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Biodiversidade e Biotecnologia da Rede Bionorte (PPG-Bionorte), Derlano Bentes Capucho, aluno do mestrado do Programa em Ciências da Saúde (Procisa), e a professora da Universidade Federal de Roraima Fabiana Granja, orientadora dos alunos.

Os inventores relataram que a ideia da criação do instrumento surgiu da necessidade de resolver uma situação que não permitia o desenvolvimento de uma etapa da pesquisa realizada pela equipe, que objetiva a busca de microrganismos em efluente hospitalar. A intenção era obter um instrumento que pudesse adentrar o tanque séptico de unidades de saúde e que evitasse a coleta de matéria da superfície, ou seja, que se abrisse apenas quando atingisse a profundidade desejável para a coleta.

 “Decidimos então que seria necessário um aparato portátil, reutilizável e acessível comercialmente. Fizemos várias adaptações, testes, e conseguimos alcançar o instrumento ideal. Com ele, realizamos coleta na profundidade necessária, com interferência mínima da superfície do tanque. Os resultados foram publicados inclusive em revista científica”, comemorou a pesquisadora Márcia.

A tecnologia pode ser usada por empresas que trabalham com coletas de água,  resíduos industriais, combustíveis. Segundo a professora Fabiana Granja, cocriadora da inovação, “isso é o resultado do trabalho das duas instituições, que, além de investirem na pesquisa e na geração de produtos inovadores, proporcionam retorno para a sociedade do seu investimento”.

Para o inventor Derlano Bentes Capucho, após o depósito de patente, será confeccionado um protótipo funcional do produto para possível transferência a empresários locais e nacionais. “Esperamos que o setor produtivo local enxergue as nossas instituições de ensino e pesquisa como entes resolvedores de problemas de alto impacto por meio de serviços tecnológicos”, afirmou.

Outra invenção do IFRR apresentada, que também teve seu pedido de patente depositado no INPI, foi a do professor do Campus Novo Paraíso (CNP) Guilherme Turcatel Alves. Ele aplicou extratos do fruto da palmeira tucumã no biodiesel, criando um aditivo natural antioxidante capaz de aumentar a vida útil desse tipo de combustível, que é renovável e que pode ser produzido a partir de óleos vegetais ou de gordura animal, sendo um potencial substituto do diesel de petróleo.

Alves explicou que, por lei, no Brasil, o diesel vendido nos postos é composto de 9% a 10% por biodiesel e que esse percentual irá aumentar, pois o País já considera a viabilidade sustentável de produção e os benefícios desse combustível renovável, biodegradável, com baixas emissões de compostos nocivos (principalmente de enxofre) e que, inclusive, contribui para reduzir as importações de óleo diesel.

“Foi com o objetivo de aumentar a manutenção da qualidade e a vida útil desse produto [biodiesel] que desenvolvemos, inicialmente por meio do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica e Tecnológica (Pibict), um aditivo natural antioxidante extraído do fruto, ou de partes do fruto, da palmeira tucumã, espécie da Amazônia que contém grande quantidade de óleo e que é muito consumida no norte do Brasil”, contou o professor.

Esse aditivo natural antioxidante, quando adicionado ao biodiesel, tem o mesmo aumento de vida útil comparado com os sintéticos utilizados atualmente. Isso facilita, entre outros aspectos, seu transporte e escoamento, por diminuir a corrosão dos tanques de armazenamento e a degradação do próprio produto. “Somado a isso, outro grande diferencial é o custo da sua produção, afinal estamos falando da utilização de partes do tucumã que, depois de consumidas, acabam indo para o lixo”, pontuou o docente.

Segundo Alves, o desafio agora é encontrar parcerias que viabilizem a criação de uma miniusina local. “Nossa intenção, além de transferir essa tecnologia, é tornar realidade a produção de biodiesel no Estado de Roraima, afinal nós temos disponíveis tanto a matéria-prima quanto os aditivos necessários”, destacou.

PATENTE – Conforme o INPI, patente é um título de propriedade temporária sobre uma invenção ou modelo de utilidade concedido pelo Estado aos inventores ou autores, ou a outras pessoas físicas ou jurídicas detentoras de direitos sobre a criação.

No caso das duas tecnologias, o tipo da patente pleiteada é o de Modelo de Utilidade (MU). Ele tem quatro características: é adequado para objeto de uso prático, aplicável à indústria, envolvido em ato inventivo e resultante de melhoria funcional no uso ou na fabricação. A validade dessa patente é de 15 anos, contados da data do depósito.

O depósito é a etapa em que o depositante, no caso, o IFRR, possui uma “expectativa de direito”, que se confirmará quando obtiver a Carta-Patente. A partir daí, a instituição adquire o direito de impedir terceiros, sem o seu consentimento, de produzir, colocar à venda, usar, importar produto objeto da patente ou processo, ou produto obtido diretamente por processo patenteado.

 

Laura Veras e Rebeca Lopes
Ascom/Reitoria
4/6/2018
registrado em: SEMEI 2018
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